sábado, 20 de dezembro de 2008

Novos Tempos, Novas Posturas (Para Concurseiros)

O hábito da leitura, a prática da escrita, a proatividade frente ao conhecimento e a reverência à aprendizagem permanente são algumas das características constitutivas do comportamento de quem quer ser aprovado em um concurso público. Afinal, a grande jornada de um “concurseiro” exige a construção de um novo comportamento voltado efetivamente para o saber.
O ato de ler não pode ser encarado como mero pré-requisito nesse processo. A leitura deve ser inteligentemente conduzida e tecnicamente produzida. Deve ter relação diretamente proporcional entre a qualidade e a quantidade do que se lê. A criação de projetos de leitura, por exemplo, terá grande impacto na expansão e no aprofundamento da informação. Se se deseja ter uma visão panorâmica de mundo — e isso é de suma importância —, constrói-se um projeto de leitura para isso. A leitura de obras, como “Uma Breve História do Mundo” e “Uma Breve História do Século XX” (Editora Fundamentos, ambos), ambas do historiador americano Geoffrey Blainey, e “Era dos Extremos: o Breve Século XX” (Cia. Das Letras), do escritor e historiador inglês Eric Hobsbawn, organizadamente e inteligentemente conduzida seria capaz de dar essa visão.
Outro aspecto da leitura que deve ser observado é o saber ler. Ler não é apenas decodificar ou compreender a camada gráfica superficial e imediata do texto. É isso também. Para Antônio Vieira Salomon, escritor de obras acadêmicas, como Aprender a Aprender (Editora Vozes), a qualidade do leitor é a pedra angular da qualidade da leitura e para o alcance informativo que se deseja obter com a leitura que se faz. À inserção intelectual e lingüística do leitor no texto, estará atrelada a compreensão e a construção de sentidos do texto. Os pré-textuais, a intertextualidade e o nível de conhecimento lingüístico do leitor são ferramentas que devem se associar à aplicação de técnicas de leitura e de retenção de informação para que se extraia o máximo de cada leitura.
É nesse contexto de leituras e retenção de informação que surge com veemência a atividade da escrita. Estudar escrevendo não é tarefa nova na vida do ensino/aprendizado. No entanto, é tarefa pouco utilizada como ferramenta de estudo. Frases-síntese, resumos, fichamentos, esquemas, há uma gama de atividades que envolvem a escrita capazes de reter a informação. Saber fichar ou resumir um texto é tarefa intrínseca ao ato de ler. Ao sublinhar as idéias centrais de um texto, tem-se em mão a matéria-prima do fichamento e do resumo, isto é, as informações com que se irão produzir tais trabalhos. Um resumo de boa qualidade é capaz de oferecer-se, ao mesmo tempo, como produto da boa leitura e produtor de informação.
É essencial, portanto, ser proativo em relação ao conhecimento. O que significa que o candidato a uma vaga no serviço público deve estar em uma demanda pela informação que vai além da simples obrigação de “bater” conteúdos programáticos ou “fechar” determinadas matérias. É preciso mais. Estar aberto a novas releituras, ser solícito diante da possibilidade do debate, estar disponível para a discussão é permitir-se o aperfeiçoamento do conhecimento e a correção do equívoco. Liderar buscas de informação, organizar as informações, criar repertórios são ações proativas da gestão do conhecimento.
Os novos tempos exigem novas posturas. No mundo dos concursos públicos não é diferente. Quem deseja vencer a corrida por uma vaga tem que se adequar a essa etapa da vida que pode ser estafante e sacrificante, mas certamente, se bem alicerçada, será vitoriosa.